QUAL DOS DOIS SE INVENTOU PRIMEIRO?
Fabrício Carpinejar
Eu puxava os cabelos de minha irmã. Perdi os cabelos de vingança. Não sei quando um avião corre na contramão. Ou qual das moscas é a mãe do vôo. Com canivete riscava troncos, depois classes, depois portas. Escavava minhas iniciais. Enjoei do meu nome bem cedo. Vou chegar a nenhum lugar pontualmente. O amor que não dá certo dura mais. Os segredos tinham que ter prazo de validade. Não aprendi a decorar a tabuada para me antecipar da loucura. Quanto mais antigo, menos velho. Uma rama de sol e a semente não volta mais para casa. Sempre ao meio-dia minha solidão não fecha. Entender simplifica, o que não se entende é mais compreensível como a música. O pássaro construiu paredes com o próprio vento. O cuspe da ave estica uma árvore. Respeito a memória com muito despeito. Estou educado para o abandono. O espelho é uma lâmpada que dura sete anos de azar. Nascer por engano já é lucro.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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