quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

4/7/2004 02:21:38 PM

MANIAS


Um colega do serviço sopra os óculos como se fosse um binóculo. O outro conversa com suas unhas antes de cada parágrafo. Na parada, uma mulher coçava o sinal de nascença perto da boca. Eu acho que ela falava pelo sinal de nascença. Uma senhora me perguntou se o ônibus vinha laranja ou azul. Eu disse azul sem pensar e era laranja. Para alguns passageiros, o ônibus tem cor, não nomes e linhas. O tempo é que estava laranja. Meu avô arrancava a casca com os dentes e engolia as sementes. Eu descascava lápis com o canivete. O lápis ficava ladeado de farpas. Eu escrevia com farpas. Depois de escrito, o lápis se arrendodava como um sinal de nascença, uma pedra no fundo do rio. Quando fico nervoso, eu mexo no meu ouvido esquerdo. Está entupido de vozes que ainda não cresceram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário