TEMA DE CASA
Fabrício Carpinejar
Perdoe-me, mas não tenho nenhuma raiva dos piolhos. Havia uma ternura imprevista na limpeza. A mãe colocava o avental em cada um dos filhos. Enchia de álcool os cabelos e massageava com lentidão as trilhas. Arte distraída. As unhas varriam as folhas do chão e armazenavam na esquina. Ela não ralhava, não desaforava, cumpria o tamanho do bosque sem horários para voltar. Foi um passeio na nuca, alegre sem ter sido fumo, alegre sem a interrogação do lume, alegre pelas mãos que não censuravam o contágio da rua. Dormia vaidoso com os cabelos, respirando a tinta úmida do mimeógrafo.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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