Foto de Renata Stoduto e texto de Fabrício Carpinejar

Decididas a abrir a gaveta em vida, sem pensar no nome como vaidade, as pensadoras Márcia Tiburi (foto ao lado) e Ivete Keil estão lançando sua troca de e-mails durante nove meses. Nada de testamento, homenagens frias. Discutem o corpo em longas cartas, abordando esse "território louco" que nem sempre é obediente ao pensamento ou ao destino. Diálogo sobre o corpo (Escritos, 188 páginas) será autografado nesta terça (13/7), às 19h30, antecedido de debate, na Livraria Cultura, do Bourbon Shopping Country (Tulio de Rose, 80/ auditório no 2º piso Tel.: 30284033), em Porto Alegre. O caráter da obra é transformar um veículo efêmero em investigação psicológica. Elas não ficam falando de bolo, receitas e namorados. Colocam na roda assunto pesados e sérios que não convém ler nas refeições.
Ivete é antropóloga, com doutorado em Sorbonne (Paris). Tiburi é artista plástica, professora da Unisinos e escritora, doutora em Filosofia pela UFRGS. Vem chamando atenção pelas suas teorias inusitadas e sensíveis sobre a tristeza. Defende a democratização do amor e da amizade. "Democracia não é só política. Democracia é conflito e envolve as relações da vida privada", adverte. Entre suas observações, acredita que a rua, que era para ser sinônimo solar de espaço aberto, assumiu um caráter repressor de campo de concentração. Crianças sem família, mendigos e loucos, quem está fragilizado e sem valia social dorme na rua. A rua, contraditoriamente, se converteu em uma espécie de prisão.
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