quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

3/15/2005 11:07:57 AM

QUARTA COLINA:

SOLIDÃO A DUAS VOZES


Gravura de Magritte


Fabrício Carpinejar






Eu esmolo o passado

como meu futuro.


Obedecia a rapidez do sangue.

Antes de apodrecer a luz,

engolia tua altura de árvore.


Eu te vi dormindo ao meu lado,

suspiro da planura.

Eu lia tua nudez dormindo

mais do que o livro.

A lamparina da lã.


Folheava as páginas

com tua respiração.

Fazia culto das chuvas.

Pássaro saudoso

do impulso.


Balançava os ouvidos

em tua altura de árvore.

Faria rédeas da forca

em tua altura de árvore.


Tua pele de pão molhado.

Teu tronco firme como dentes.

E as limas dos joelhos

banhados de sol recente.


Converteu-se em vapor,

o espelho,

seguindo

a névoa da bacia.


(Nova versão de poema de "As Solas do Sol")

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