Sábado, 25 de fevereiro de 2006.
Coluna L2
Livros & leituras
POESIA À PAISANA
Paulo Paniago
paulopaniago@uol.com.br
Foto Renata Stoduto/Divulgação

O que te levou a escrever crônicas?
As crônicas são extensão de minha poesia. O gênero muda, não o pensamento poético. Basta comparar o fio de cabelo do cronista e do poeta e verificar que é o mesmo criminoso (risos). Ninguém escreve poema para concordar, é para discordar. Crônicas são também exercício de negação ao lugar-comum. Sempre escrevi em meu blog http://carpinejar.blogger.com.br. Era pedido antigo dos leitores. Leio o leitor para me encontrar.
De onde veio o título?
O amor esquece de começar mostra que nunca percebemos o início do amor, ele acontece e já estamos dentro, sem regulá-lo. Quando se tem consciência, já é tarde, estamos amando como se fosse insuficiente um só corpo para abraçar e manter a pessoa perto da gente. Minhas verdadeiras amizades, meu verdadeiro amor, não sei ao certo como surgiram. O amor não tem data de nascimento.
Você é leitor de crônicas? Concorda que é gênero tipicamente brasileiro?
Concordo, é um jeito que o brasileiro descobriu para fazer poesia à paisana, contos à paisana, romances à paisana. É um golpe civil. Crônica tem uma superficialidade enganosa: por ser curta e de temas prosaicos, parece que é inofensiva. Sua profundidade reside no tom baixo de amizade. Sua agressividade é a ternura. Escrever crônicas é fazer amizades, contar segredos e confidências, é ajudar verdadeiramente as pessoas a não se conformarem.
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