BONDADE
Da série Mulheres
Desenho de Mariana
Fabrício Carpinejar
"Não sei pensar e ser útil ao mesmo tempo", ela dizia. "O que penso nunca me serviu". Saía bem cedo, às 6h, dava três voltas na quadra, tomava banho e dormia novamente. Somente ia visitar as esculturas da praça. Estátuas danificadas, sem os braços. Os objetos que perdiam valor tinham mais valor. Uma estátua sem braço a fazia pensar, não era útil. Agradava o corpo riscado, corrido, gasto, que deixava algo definitivamente para trás. Sua vida foi feita de barro e cuspe. Os defeitos não a incomodavam. Passava maior trabalho em justificar as virtudes. De vez em quando, fazia alguma maldade. Até a bondade enjoa.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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