POEMA ANÔNIMO
Gravura de Ben Nicholson
Fabrício Carpinejar
Ainda tensa, soltaste as mãos,
o sêmen.
Teu corpo saltou da terra
do meu corpo.
Recolheste as roupas e o silêncio.
Fiquei ali,
anfíbio acordado na cegueira,
dormindo a claridade da pedra.
Minha solidão
nunca mais seria a mesma.
Minha solidão
nunca mais teria filhos.
Minha solidão,
um ventre masculino.
Eu te morri.
Evitei chorar.
O cão lambeu meus olhos.
Não consegui recobrar
a rima de tua cintura
como um verso que insiste
em mudar.
Mesmo manchando o livro
dos teus lábios,
mesmo calçando tuas mãos,
serás sempre
um poema anônimo.
(coleção 5 minutinhos, eraOdito, 2002)
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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