O simples vira poesia
Escritor Fabrício Carpinejar ministrou oficina para crianças do PEI
Fotos de Renata Stoduto
Texto Gabrieli Chanas
A poesia pode estar em uma música, em um jogo de futebol ou até mesmo em um sapato. "Fazer poesia é ver as coisas de maneira diferente, é pôr uma palavra para sambar com a outra". A lição é do escritor e jornalista Fabrício Carpinejar, que no dia 22/6 reuniu 36 crianças do Programa Escolinhas Integradas (PEI) para apresentar o lado divertido de escrever.
Se mudar a percepção do mundo é o primeiro passo para fazer poesia, nada melhor que começar o encontro de uma forma nada comum. Sem sapatos e meias, o escritor desafiou os alunos a dar novos significados para a sola, o cadarço e a palmilha. As dicas para os aspirantes a poeta passaram ainda por apelidos e letras de música.
Janelinha, chapéu, gaveta, balãozinho e gol de bicicleta. A poesia presente nas expressões do futebol ajuda a ver o simples de outra forma e encoraja as primeiras metáforas. Mesmo quem acreditava que para ser poeta basta saber rimar coração com emoção, começou a ensaiar poemas. Dênis, de dez anos, arriscou dizer que sua mãe é como a chuva no telhado. "O barulho que o salto do sapato dela faz é igual ao da água batendo nas telhas", explicou.
A prova de que entender poesia já não é mais uma tarefa tão complicada chegou no fim da oficina. Se em um primeiro momento era estranho ouvir que o rio fica de pé, agora todos entendem que o fogo morre, que o galho é o elevador da árvore e que os quartos são o pulmão da casa. Tudo simples, mas de uma forma diferente. Na forma de poesia.
(J.U., 24/6/2004)
O QUE É O PEI?
O Programa Escolinhas Integradas da Unisinos, parceiro do Instituto Ayrton Senna/Audi, atende 410 crianças e adolescentes carentes em cinco núcleos: Unisinos Manhã, Unisinos Tarde, Vila Glória, Parque do Trabalhador, e, o mais novo núcleo, AABB (Associação Atlética do Banco do Brasil).
O projeto busca compreender a história de vida das crianças, levando em consideração o contexto familiar e educacional. O desempenho na escola acaba sendo um dos resultados diretos das atividades culturais e esportivas.
O PEI completa quinze anos, com várias vitórias na bagagem. Serviu de modelo e inspiração ao Ministério do Esporte na elaboração do projeto "Segundo tempo", que democratiza o acesso a prática esportiva nos estabelecimentos públicos, efetivando o preceito constitucional que define o esporte como direito de cada um, no contra-turno escolar. Além disso, o grupo Baturidança se consagrou em 2003, com mais de vinte apresentações pelo estado. Tornou-se uma das fontes de animação de 40 pequenos artistas, misturando dança de rua e percussão, a partir de ensaios com a coreógrafa Margit Kolling e com o músico Fernando do Ó.
Pólo de produção, aperfeiçoamento e disseminação da tecnologia social, um dos segredos de longa vida da proposta é a implementação sistemática de uma forma de trabalho que investe no esporte como influência decisiva na escolha de vida. O PEI oferece oficinas esportivas, artísticas, culturais e de saúde. Os integrantes estão divididos em 3 grupos: mirins (7 a 10 anos), pré-adolescentes (11 a 14 anos) e adolescentes (15 a 18 anos). O projeto conta com 32 monitores das áreas de Educação Física, Serviço Social, Psicologia, Nutrição, Jornalismo, Secretariado Executivo, Biologia, Enfermagem, Pedagogia e Análise de Sistemas.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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