NINGUÉM É DESPEJADO DO CORPO
Gravura de Rufino Tamayo
Fabrício Carpinejar
Queria uma explicação. Agora não quero nada que me explique. Desistir é explicar. Permaneço. Usufruto de sombras. Amar não é aceitar, amar é escolher. Não desejo buscar um lugar no mundo, mas guardar um lugar do desejo no corpo. Há algo que o tempo não toca. Eu conheci minha avó envelhecida. Ela, então, nunca ficou velha para mim. A criança vê o rosto que não foi tocado pelo tempo. O tempo não está no rosto, mas na forma como fugimos do tempo. Quanto maior o desespero, maior será o peso fora do corpo. Denuncia-se o esconderijo pela respiração ofegante. Vou ficar parado como uma árvore equilibrando os frutos ou como uma chama lavando as costas.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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