quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

2/2/2005 02:17:35 PM

GLOSSÁRIO DA LÍNGUA PRESA I

Gravura de Miró


Fabrício Carpinejar





Começo agora meu dicionário de palavras que evito empregrar no meu cotidiano. São palavras que tenho uma vocação para falar estranho, impronunciáveis por alguma razão afetiva ou caminho errado dos dentes. Procuro um sinônimo para substituí-las. Nem sempre encontro. No momento de falar, engasgo e engulo de volta.


Fonoaudióloga - essa deveria ser a primeira palavra que minha fonoaudióloga deveria ter me ensinado durante os quatro anos de consulta.


Arara - a única que enguiça completamente. Fica alala.


Cataflam - não tem remédio. F seguido de l faz a minha boca correr. Falo rapidinho para ninguém perceber.


Panóplia - fora de moda. Para quê mesmo vou usar armadura de cavaleiro da Idade Média?


Pampulhinha - restaurante de Porto Alegre. Posso até ir, gostar, mas não recomendo por incapacidade comunicativa. Sai Bambulhinha.


Claridade - sim, prefiro transar com a linguagem no escuro.


Detrito - d e t são gêmeos. Não vejo pintas e diferenças no som deles.


Baobá - cultivo outras árvores.


Completo - triste constatar que nunca serei.

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