quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

10/24/2006 10:54:03 AM

DIÁRIO DO EX-FUMANTE - 50 DIAS





* Estava devendo notícias. Testei os meus limites nas últimas semanas alternando abstinência e ciclos de cigarros intermináveis. Houve dias que não fumei nada; em outros, uma carteira até enjoar.


* Quem me viu em Brasília pitando, pode guardar a imagem para um antiquário.


* Desde ontem, não fumei mais nenhum cigarro. E foi uma data particularmente tensa, com homenagens e declarações emocionadas. Em circunstâncias semelhantes, teria fumado um maço.


* É esquisito, agora acendi um cigarro como incenso. Deixei ele no cinzeiro queimando sozinho, mão invisível de vidro.


* Estou no segundo dia sem fumar, cumprindo minha promessa de aniversário. Mudei minha perspectiva de enxergar o vício: eu me trato como um não-fumante, que é melhor do que ex-fumante. É uma cilada psicológica que criei para enfrentar o nervosismo e a ansiedade. Como botei na cabeça que nunca fumei, não sofro nenhuma perda. Na figura de ex-fumante, eu me sentia menor, em dívida, perdendo tempo e prazer.


* Um fumante cessa seu vício depois de várias tentativas frustradas. Ele assume um olhar minoritário. Como ninguém mais acredita nele, de tanto que prometeu que iria desistir, ele passa a acreditar em si como provocação. Uma esperança sem resistência não é esperança.

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