Pintura de Tom Wesselmann

* Vivo em outra dimensão. Não vejo recompensa.
* Tornei-me um assassino. Por contenção de despesas, também sou a vítima.
* O que me irrita: todos conversam comigo como se eu estivesse normal, centrado, sereno. É difícil ser educado sem a fumaça. Quero agredir todo mundo porque não estou fumando. Entenda: ninguém tem culpa, mas o que fazer?
* Aumento a voz de uma hora para outra, mordo os pulsos, me desvencilho com facilidade, abandono filmes no meio, desisto de escrever e de ler. Qual a graça de parar de fumar para ser outro? Desejava parar e continuar sendo o mesmo.
* É impossível deixar o fumo sem alterar a minha rotina (alimentação, serviço, exigências). Isso pode ser viável nas férias.
* Um pouco mais serei macrobiótico.
* Reclamei na banca que o Halls alterou o gosto. Eu é que estou light.
* Minha rapidez de raciocínio está aniquilada. Como dar palestra, responder e-mails, atender telefone? Virei uma sopa fria.
* Liguei para minha mãe e ela aconselhou:
- Dois cigarrinhos por dia não farão mal!
Era só o que faltava ouvir.
* Qual é o cigarro inadiável?
A) Depois do almoço ou janta
B) Depois do sexo
C) Na balada, olhando o terreno
D)Tomando cerveja ou chopp com amigos
E) Ao retirar o extrato do banco
Minha conclusão - infelizmente - é todas as alternativas acima.
* Escrevi ontem que hoje seria melhor. Péssima profecia: hoje foi muito muito pior. Alguém pode alcançar um lenço de papel?
* Minha mulher Ana, esperta, continua fumando. E apagou todo o seu blog - Falsa Magra - para ninguém reclamar. Ao ler de manhãzinha, não havia nada no site dela de quinze mil visitas. A falsa magra evaporou, lipoaspirou! Não acredito que ela renunciou um ano de histórias. Reclamações para ananejar@uol.com.br
* Não sei se atravessarei a noite sem fumar. São dois dias.

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