quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

5/13/2004 05:52:42 PM

PEDRAS DO RIACHO

Gravura de Rufino Tamayo


Fabrício Carpinejar






Arredondamos as unhas, os lábios, os dentes. Arredondamos a madeira, o ferro, o vidro. Arredondamos os joelhos, as pernas, o rosto depois do casamento. Arredondamos as palavras mais rudes, arredondamos o silêncio para não arder. Arredondamos os desaforos, a culpa, o desejo. Arredondamos o que nasce desajeitado e confuso. Arredondamos o riso, o perfil, os olhos dos pés. Arredondamos tudo o que é farpa e corta, tudo o que é vivo e risca. Arredondamos o grito, a lasca, a lâmina. Escondemos os sinais de violência que nos permitem duvidar do que somos.

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