JOGO DO VELHO
Rosana Almendares acolchoa as paredes. Tudo o que é descartável vira objeto de arte, cuspe de pássaro, orvalho de árvore no portão. Sua exposição é como uma casa andando. Os objetos repetem desenhos, com fundo em preto, branco e cinza. A repetição é ritmo. A repetição é sexo alfabético. A linguagem é ritmo repetido. Tal como o amor que pede a reincidência. Tal como as batidas de um coração que não se enjoa de começar.
São imensos jogos da velha, em que o imprestável torna-se pensamento, o impensável transforma-se em prestável. Talvez um jogo do velho: o que é abandonado pelo consumo volta a reintegrar a sociedade liberto do prazo de validade. O lixo converte-se em observação lírica do cotidiano, caligrafia caprichada. A beleza exubera, harmônica, calculada, como partituras de um músico afixadas na parede. As gavetas abertas derramam justamente a música das formas. O que serão as figuras? Tulipas? Colheres? Fósforos? Tochas? Cotonetes? Pirulitos? Pequenos travesseiros de bonecas? Ou um modo de envelhecer com dignidade?
Fabrício Carpinejar,
poeta
Exposição Descartável, de Rosana Almendares
Abertura: 26/10, às 20h30
Visitação: 27/10 a 19/11
Segunda a sexta das 9h às 12h e das 14h às 19h
Sábado das 9h às 12h
Rua Casemiro de Abreu, 153 Novo Hamburgo/RS
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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